O Censo da Educação Superior de 2022, divulgado no último dia 10, trouxe uma série de informações valiosas sobre a situação educacional do Brasil. Segundo o levantamento, 75,7% dos jovens entre 18 e 24 anos não ingressaram no ensino superior no país. O número é um ligeiro aumento em comparação ao último Censo, de 2020, quando foi registrado que 74,2% dos jovens nessa faixa etária estavam fora das faculdades.
Diante desse cenário, o Ministério da Educação tem metas mais ambiciosas. A pasta almeja que, nos próximos anos, 33% das pessoas nessa faixa etária estejam matriculadas no ensino superior, esforçando-se para ampliar o acesso e a qualidade da educação no Brasil.
Desistência aumenta ao longo dos anos
Outro dado interessante contemplado no Censo da Educação Superior é a evolução dos indicadores de trajetória dos estudantes no curso de ingresso, considerando Desistência Acumulada, Conclusão Acumulada e Permanência.
Em 2022, a taxa de Desistência Acumulada foi de 58%, ante 57% no ano anterior. O número é ainda mais espantoso quando visualizamos o histórico desde 2013, quando a taxa era de 11%.
É possível observar, ainda, que apesar do número ter se mantido estável – e alto – desde 2018, foram registrados saltos significativos ao longo dos últimos 10 anos.
Quando se trata de público versus privado, essa taxa foi de 59% nas faculdades pagas (mesmo índice de 2021) e 52% nas faculdades públicas (ante 51% do ano anterior).
O Censo também traz esses dados em relação aos estudantes que recebem apoio de programas governamentais. Entre alunos com Fies, a taxa de desistência foi de 49%; sem Fies, 62%. Já entre os alunos com Prouini, a taxa é de 40%; e sem Prouni, 60%. Em relação à reserva de vaga na rede federal, a taxa é de 36% para os alunos com reserva; entre os sem reserva, o número é 55%.
A variação de desistência entre ensino Presencial e a Distância, no entanto, não é expressiva: a taxa acumulada em 2022 para o presencial foi de 58%, enquanto a Distância foi 59%.
A taxa de desistência acumulada é maior entre os homens: entre eles, o índice chegou a 63%; e entre as mulheres, 54%.
Acesso ao Ensino Superior avança, com disparo do EAD
Em termos absolutos, o Censo da Educação Superior também revelou que 4,7 milhões de pessoas entraram na faculdade em 2022, marcando um aumento expressivo de 23,7% em relação a 2021. Uma característica marcante desse ingresso é o peso do setor privado: mais de 90% dos novos estudantes optaram por instituições privadas. Além disso, a modalidade de Ensino a Distância (EAD) dominou as preferências, com 66% dos ingressantes optando por ela.
A popularidade do EAD não é um fenômeno tão recente. Nos últimos quatro anos, houve um crescimento expressivo de quase 140% nas vagas oferecidas nessa modalidade. Isso levou o número total de vagas de 7,2 (2018) milhões para 17,2 milhões (2022).
Um fator curioso que também foi contemplado pelo Censo da Educação Superior é que essa modalidade tem sido uma preferência de futuros professores: em 2022, 93,2% dos alunos de licenciatura em instituições privadas escolheram o EAD como sua modalidade de estudo.
Por outro lado, o ensino presencial registrou queda no número de vagas. Em 2022, foram ofertadas 5,6 milhões de posições, o que representa uma queda de 5% em relação ao ano anterior. Esse dado pode sugerir uma transição no modo como os brasileiros percebem e valorizam as modalidades de ensino, talvez influenciados pelas demandas do mercado de trabalho, pela flexibilidade de horários ou pelo valor das mensalidades.
Em resumo, o censo do ensino superior de 2022 aponta para algumas tendências: a crescente popularidade do EAD, especialmente no setor privado, e a luta contínua para ampliar o acesso ao ensino superior entre os jovens brasileiros.
O desafio para os próximos anos será equilibrar qualidade, acessibilidade e inovação, garantindo que mais cidadãos tenham oportunidades educacionais de alto padrão.
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