“Somos filhos da classe trabalhadora e não temos tempo para desenvolver uma atividade intelectual eletiva. Então é difícil garantir que as pessoas cheguem na universidade com o mínimo para se desenvolver. Muitas vezes precisam de um auxílio maior academicamente”
A frase de uma estudante de graduação, ouvida pela equipe da Movva durante trabalho de imersão, em maio deste ano, revela um conceito que merece atenção das Instituições de Ensino Superior (IES): o chamado “currículo invisível”. Para além do que é ensinado formalmente, há comportamentos que são esperados no ambiente universitário para garantir o sucesso do estudante.
Para quem é a primeira pessoa da família a cursar uma graduação, o currículo invisível pode representar um obstáculo a mais até o diploma. Nesse sentido, o desafio no Brasil é enorme: dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) revelam que em 2021 cerca de 86% dos alunos de IES tinham pai que não cursou Ensino Superior. No caso de mãe que não acessou a graduação, eram 82% dos respondentes da pesquisa.
“São desafios impossíveis de a IES superar por conta própria. É aí que a atuação da Movva pode fazer toda diferença, porque a gente não só acolhe este aluno para que de fato ele sinta que faz parte, como também, de forma intencional, apoia para que ele possa navegar esse currículo invisível”, explica Guilherme Lichand, professor da Stanford University e conselheiro da Movva. “A gente apoia o aluno nas diferentes jornadas na universidade para que saiba o que é esperado dele em cada momento e tenha orientação clara de como fazer isso”, complementa.