A cada novo ano letivo, as Instituições de Ensino Superior (IES) enfrentam o desafio de atrair os estudantes certos em um mercado educacional altamente competitivo e em constante transformação. Essa tarefa envolve múltiplos setores da instituição e exige estratégias bem alinhadas às mudanças internas e externas que afetam o setor.

A estratégia para atrair novos estudantes precisa ter como ponto norteador que a captação é indissociável da retenção de estudantes. “Se a instituição de ensino enxergar de forma separada, ela vai cometer um erro, o que vai ocasionar na perda do estudante”, pontua o líder de Operações e Sucesso do Cliente da Movva, Luís Fernando Dodt. 

Nesse cenário, é preciso alinhar as estratégias de captação e de retenção dos estudantes a partir de um pilar fundamental: o entendimento do perfil ideal de estudante para a sua IES.    

Essa representação varia de acordo com a instituição de ensino, feita com base na observação de quem já está dentro das salas de aula da IES. O diagnóstico profundo da instituição a partir da análise de dados permite identificar padrões de sucesso e permanência — para, assim, replicá-los nas estratégias de captação.

Uma realidade também influenciada por mudanças externas e de alcance nacional: a transformação do público universitário — ou com interesse de ingressar no ensino superior —, a evolução no mercado de trabalho e os novos desafios impostos pelo crescimento acelerado da tecnologia.

O entendimento desses elementos contribui para a construção de estratégias eficientes e tem efeitos inclusive financeiros. 

A eficácia em atrair os ‘alunos ideais’ potencializa a permanência e reduz o Custo de Aquisição de Aluno (CAA) da IES, um indicador essencial para o planejamento financeiro. Isso significa menos investimentos desperdiçados em perfis inadequados e maior retorno por matrícula, criando uma base sustentável para o crescimento da IES.  

Mudanças no perfil do aluno do Ensino Superior

A última década transformou o perfil dos estudantes interessados no Ensino Superior no Brasil. Três pontos são importantes para entender essa transformação: o aumento de estudantes na rede privada de ensino superior, o crescimento do EaD e a mudança no comportamento de escolha do futuro universitário. 

Dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) mostram que houve um aumento de mais de 70% no número de matriculados em instituições privadas entre 2010 e 2020. Um crescimento diretamente relacionado à expansão do Fies e do ProUni, com estudantes de baixa renda passando a compor uma parcela considerável do público universitário. 

Um público que costuma se concentrar em cursos noturnos e, especialmente, EaD. A modalidade de ensino a distância cresceu exponencialmente e superou, desde 2022, as matrículas de cursos de graduação presencial, atingindo 51,2%, de acordo com dados do Censo da Educação Superior.

Em um mercado educacional cada vez mais competitivo, a forma como o estudante escolhe a IES também mudou. Pesquisa do Semesp de 2023 aponta que mais de 80% dos jovens consultam redes sociais, sites de avaliação e rankings para decidir em qual instituição estudar. 

Descubra o Perfil do Aluno Ideal para Sua IES

A atenção a essas transformações sobre quem é estudante do Ensino Superior brasileiro precisa ser observada a partir da perspectiva singular de cada IES — e do entendimento de qual é o perfil certo de estudante para a sua instituição. 

“O perfil do aluno ideal passa por dados demográficos e comportamentais“, elenca Luís Fernando Dodt. “É relevante entender desde o início desse funil da captação se o estudante tem as características de sucesso para a sua instituição de ensino”. 

Para identificar as características do aluno ideal, é fundamental analisar esse dois pilares: dados demográficos e comportamentais dos estudantes atuais da instituição.

Nos dados demográficos, a instituição deve observar:

• Faixa etária predominante e sua relação com o turno (diurno/noturno);
• Renda familiar e adesão a programas como ProUni e Fies;
• Localização geográfica e possíveis deslocamentos até o campus;
• Preferência pela modalidade (presencial, híbrida ou EaD), considerando o impacto do EaD na última década.

Os dados comportamentais, por sua vez, vão permitir entender quais as motivações, desafios e hábitos dos estudantes. Compreender, por exemplo, como é feita a escolha do estudante pela IES, quais as metas acadêmicas e profissionais almejadas por meio do ensino superior e também quais os fatores que podem levar ao abandono ao curso.

A Movva elabora um diagnóstico profundo da instituição, a partir da coleta extensa de dados e a compreensão do funcionamento da IES. O que permite prever, com precisão, como e onde a evasão estudantil pode ocorrer e contribui também para entender qual o estudante com maior potencial de permanência. 

“Se a IES matricular alunos que têm um perfil diferente do estudante ideal da instituição de ensino, a chance dele evadir é muito maior. É fundamental que a instituição de ensino esteja atenta ao seu perfil ideal e monitore o perfil dos alunos matriculados. Também deve estar preparada para acolher os estudantes de perfis diferentes caso assuma que fará uma captação ampliada – um caminho extremamente difícil, por exigir engajamento e coordenação entre diferentes áreas da IES”, reforça Luís Fernando Dodt.

Uma captação bem planejada, portanto, vai além de aumentar o número de matrículas: ela transforma a experiência do estudante e fortalece o relacionamento com a IES. Estudantes engajados, que reconhecem o valor da formação oferecida, têm maior potencial de permanecer e contribuir para o sucesso acadêmico e financeiro da instituição.