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O limite da captação de alunos em IES: lições da experiência dos EUA

O que define o momento de maturidade de um mercado? Alcançar o equilíbrio, que é caracterizado pela ausência de crescimento substancial ou inovação. Isso ocorre quando a oferta encontra a demanda, o que resulta em um preço de equilíbrio.

No mercado do Ensino Superior, esse fenômeno aconteceu há mais de 10 anos nos Estados Unidos. E a tendência é que no Brasil aconteça em breve.

Neste momento em que a demanda caminha para um processo de estagnação, é útil analisar a experiência dos EUA. Ela mostra que a atração de novos estudantes deveria deixar de ser a principal estratégia para crescimento de receita nas Instituições de Ensino Superior (IES) privadas no Brasil.

Portanto, cada vez mais a atenção dos gestores deve estar voltada para traçar estratégias de retenção de alunos, sobretudo pelo crescimento do Ensino a Distância (EAD).

Luta pela eficiência na gestão do estudante está apenas começando

Dados do Inep mostram que a rápida expansão das IES nos últimos anos no Brasil não tem sido acompanhada, no mesmo ritmo, pelo preenchimento das vagas. Para atrair estudantes, cada vez mais descontos são oferecidos. Sem o retorno esperado, entretanto, isso tem impactado diretamente a receita das Instituições.

Em um mercado ainda em maturação, demanda e oferta podem crescer simultaneamente. Como consequência, as chamadas “ineficiências” ganham espaço no sistema, com variações de preço ou de características de produtos e serviços. Mas a tendência que o mercado de Educação Superior brasileiro apresenta não abre espaço para ineficiências, dado que a procura está em processo de estagnação.

É hora de investir em retenção

58% dos graduandos não concluem o segundo ano do curso em IES privadas pertencentes aos dez maiores grupos de ensino do país. É o que revela o novo relatório “Expansão da Educação Superior no Brasil: análise das Instituições Privadas”. A evasão no Ensino Superior representa cerca de R$ 3 bilhões perdidos anualmente, além do impacto social inestimável.

Nos EUA, em decorrência da adoção de soluções de Sucesso do Estudante por mais da metade delas, as IES têm visto nos últimos três anos o crescimento da taxa de permanência de alunos na graduação. Isso tudo sem necessidade de ampliar a ajuda financeira.

No caso brasileiro, temos a oportunidade mais uma vez de nos antecipar. A exemplo do que fez o setor financeiro, com a criação do Pix e a evolução da descentralização bancária dos últimos anos, podemos ser protagonistas também no Sucesso do Estudante. Nesse mercado promissor, portanto, diversas EdTechs têm lançado e evoluído soluções.

Por isso, é vital que o ecossistema de Educação brasileiro se organize para superar esse desafio, utilizando e desenvolvendo tecnologias que são referência não somente aqui, como em mercados maduros também.

Rafael Correa

Executivo e empreendedor com mais de 20 anos de experiência nos EUA e LATAM, possui experiência em consultoria estratégica, liderando equipes, unidades de negócios e operações em diversos países. Rafael é Bacharel em Física pela USP, possui Mestrado em Administração pela Stanford GSB e cursa Filosofia pela USP.