São poucas as coisas que tomo como certezas, mas uma delas é que a educação transforma a vida das pessoas.
Em minha experiência pessoal, ter concluído uma boa faculdade me qualificou a posteriormente ingressar em uma área de modelagem de capital e crédito de um grande banco brasileiro. Depois, ter feito uma boa pós-graduação abriu portas para trabalhar em modelagem na tesouraria de outro grande banco. Essas oportunidades não só me permitiram mobilidade social como também trocas e aprendizados que impactaram na minha formação humana.
A faculdade é uma alavanca de mudança de vida em aspectos econômicos e culturais, amplia a visão de mundo do cidadão e o apoia na contribuição de uma sociedade melhor. E os números confirmam: a cada ano de estudo a mais, o salário aumenta até 15%. E pesquisas já mostram que quem se forma no ensino superior tem, em média, salário 144% superior aos que completaram o segundo grau.
Contudo, há muitas camadas e obstáculos que envolvem a complexidade que é concluir o ensino superior no Brasil. Em outubro, foi divulgado o Censo da Educação Superior 2022, e uma das informações que chama muita atenção é que a taxa de Desistência Acumulada no curso de entrada foi de 58%. Mas o histórico ainda aponta que 10 anos atrás, em 2013, essa taxa era de 11%. Um salto (ou queda?) e tanto!
Essa evasão é atravessada por diversos fatores, desde os mais óbvios (falta de condições financeiras para arcar com as mensalidades e outras despesas ou dificuldade de conciliar os estudos com o trabalho), até subjacentes (falta de perspectiva, notas baixas, baixa resiliência, e questões de saúde mental, por exemplo).
Em um país com desigualdades sociais abissais e taxas de evasão tão altas, é urgente atuar para que essas diferenças minimizem e esse índice volte a patamares baixos.
Sim, é fácil falar, mas difícil planejar e executar com sucesso. Além do problema social que a falta de acesso ou a falta da conclusão da graduação traz, muitas Instituições de Ensino Superior já entenderam que reduzir a evasão traz retornos financeiros e, assim, começaram a atuar, desenvolvendo departamentos com foco na permanência do aluno.
Em minha experiência da Movva, startup focada em permanência e engajamento do estudante no Ensino Superior, entendemos que o processo básico para o combate a evasão dos alunos é:
1- Identificar padrões de risco de evasão / baixo engajamento
2- Aplicar essa análise sobre a base de alunos ativa, destacando os alunos com maior risco
3- Agir para resolver a dor do aluno: tomar ações como oferecer descontos sobre a mensalidade, propor alteração de curso ou modalidade de ensino, resolver problemas administrativos que o aluno está enfrentando e/ou direcionar para suporte socioemocional
Mas há um grande desafio em executar esses 3 passos de forma efetiva, tempestiva e escalável.
Para ser efetivo, deve-se atuar na dor do aluno e identificá-la é um processo bastante complexo.
Os dados que estão disponíveis para análise de risco das instituições de ensino são, geralmente, acadêmicos e financeiros: notas nas avaliações, presença, acesso ao portal acadêmico, consumo de materiais no portal e inadimplência das mensalidades. Esses dados são elementos visíveis e super importantes, sem dúvida alguma, mas, como mencionei acima, são apenas a ponta do iceberg.
Quanto a ter soluções tempestivas e escaláveis, o intervalo de tempo entre o entendimento do problema e a ação tem que ser bastante curto. Para conseguir isso, três fatores são essenciais: conhecimento e experiência sobre o assunto com aplicação técnicas adequadas e uso de inteligência artificial.
Aqui na Movva, utilizamos Ciências Comportamentais e Inteligência Artificial para reduzir a evasão dos alunos de forma tempestiva e escalável a um custo efetivo. Enviamos comunicações que comprovadamente atuam de forma assertiva no momento da jornada onde são identificados os principais pontos de fricção que levam à evasão.
Em um projeto de 3 meses com 2.500 alunos, por exemplo, a evasão foi reduzida em 19%!
Além disso, desenvolvemos o Movva Score, um sistema inovador de análise do engajamento estudantil, mas esse tema vou deixar para o próximo artigo!