Os desafios estruturais enfrentados pelo Ensino Superior no Brasil podem ser compreendidos através do “Problema das 3 Metades”. Este conceito encapsula não um, mas sim uma tríade de problemas significativos que afetam o sistema educacional no país.
- O primeiro desafio diz respeito à escassez de indivíduos com formação superior. No Brasil, a taxa de conclusão do Ensino Superior entre os jovens é apenas a metade da média observada nos países membros da OCDE.
- O segundo desafio aprofunda o primeiro, concentrando-se na desigualdade dentro das Instituições de Ensino Superior (IES). Nelas há uma disparidade marcante: o número de estudantes provenientes de estratos socioeconômicos mais baixos é praticamente a metade daqueles oriundos de estratos mais privilegiados.
- O terceiro desafio está relacionado ao retorno financeiro dos diplomas universitários. Quando ingressam no mercado de trabalho, pessoas de grupos sub-representados têm remuneração, em média, correspondente à metade da recebida por graduados provenientes dos estratos sociais mais altos.
Esses dados estão no estudo realizado pelo idealizador da Movva e professor da Universidade de Stanford, Guilherme Lichand, em parceria com Maria Eduarda Perpétuo e Priscila Soares dos Santos. Eles mostram que, apesar de constituir a maioria da população, negros, pardos e indígenas têm retornos salariais menores pelo mesmo diploma conquistado.
Em síntese, o Brasil se depara com três questões críticas no Ensino Superior: a escassez de formados, a falta de diversidade no corpo discente e as disparidades do retorno salarial do diploma entre diferentes grupos sociais.
Agenda de trabalho
Para enfrentar esses desafios, é imperativo direcionar esforços no apoio aos estudantes em sua jornada educacional, desde antes de ingressarem na universidade, durante todo o curso e até após a formatura. Isso implica em garantir uma melhor correspondência entre os interesses dos alunos e a oferta das instituições de ensino, bem como em combater a evasão durante o período de estudo. Além disso, é crucial estabelecer conexões mais eficazes entre os egressos e as demandas do mercado de trabalho.
A Movva, ao trabalhar para reduzir o risco de evasão no Ensino Superior, atua para superar o problema da segunda metade. Além de a maioria dos estudantes nas IES privadas ser de baixa renda, muitas vezes eles também são os primeiros da família a cursar uma graduação. Por isso, nossa missão é garantir que, além de ingressarem na universidade, conquistem o sonho do diploma universitário.
Ao abordar essas questões de maneira abrangente, será possível progressivamente reduzir as disparidades salariais e econômicas que atualmente segregam a população brasileira. Essa abordagem não apenas poderá aprimorar o sistema de Ensino Superior, mas também contribuirá para enfrentar os desafios de desigualdade social no Brasil.